Biden e Netanyahu na guerra

Os Estados Unidos fazem as contas sobre as guerras que enfrentam neste momento, com poucos sucessos para um país que se impõe como defensor da ordem global. O grande e estratégico aliado dos americanos no Oriente Médio se tornou um reconhecido problema para a política internacional americana. Sem freios e contrapesos o moderno exército israelense continua atacando o inimigo e fazendo milhares de vítimas inocentes, em sua maioria crianças.

Como a guerra antes de tudo tem relação com propaganda política, com vista em essência ao poder econômico e ideológico, as mortes aos milhares de civis começam a fazer parte do jogo, no instante em que a opinião pública dá sinais de cansaço, não suportando ver horrores, como crianças resgatadas em meios escombros completamente desnorteada sem entender a realidade que não vê. Além da fome, miséria e em meio a nenhuma perspectiva de futuro – com signos da tentativa para o fim provável de uma cultura inteira.

Além das dezenas de milhares de mortes, palestinos na Faixa de Gaza sentem o horror da fome, sempre a espera de ajuda humanitária para enfrentar as atrocidades no presente, sem condições para avaliar o futuro, que pode ser mesmo impensado – imagem reproduoção NYT, Shadi Tabatibi/Reuters

A contrariedade política com a guerra na faixa de Gaza se reproduz inclusive nos grandes jornais internacionais Europeus e Americanos, que fazem explodir imagens de horror até para os mais incessíveis. A ONU repete com frequência os excessos da guerra, envolvendo a força descontrolada de um país que atinge não somente o inimigo Hamas, mas o seu entorno com violência contra civis palestinos que lutam para permanecer vivos.

O ataque violente e extremista do Hamas contra israelenses indefesos resultou em apoio imediato ao país, diante das mais de 1200 mortes, além de sequestros de inocentes com origens de diversas nações, inclusive brasileiros. A guerra seria esperada, contudo, a imagem de extermínio de pessoas em uma área adensada na Faixa de Gaza, em dezenas de milhares, causa sofrimento à visão humana que avalia desenvolvida para defender o direito à vida.

Joe Biden está fazendo as contas sobre os efeitos na política interna e externa dos EUA. Neste sentido fala com frequência com Netanyahu sobre o cessar fogo imediato, mas o também extremista não tem ouvidos para negociações, a não as emoções voltas para o avanço das tropas no front da guerra. Assim, os americanos seguem com a mão nas bombas que explodem ordenadas pelo ultraconservador, o qual sabe de seu poder sobre os americanos, como estratégia política regional e para o poder internacional.

O silêncio dos Republicano é bem estratégico, no sentido de retirar forças eleitorais de Biden do partido Democrata, para eleições que ocorrem no próximo ano. Deste modo, viabilizar uma provável vitória do conservador e emblemático “homem dos conflitos”, Donald Trump, de triste memória quanto à visão de uma sociedade moderna e de liberdade democrática.

Se a guerra por muitas décadas fez bem aos americanos na corrida pelo poder global, há sinais de que as batalhas em Gaza e Ucrania não resultaram em mais poder e temor pelo poderio americano para sanções internacionais na conformação de amigos e inimigos, mas efeito colateral de uma nação que observa a sua economia e estabilidade política em queda.

No Centro da guerra do Oriente Médio

A guerra como resultado da busca de poder pelas nações mais ricas não é uma novidade, a começar pela análise das monarquias que viviam em fortes batalhas por território e poder, como algo natural, numa disputa que levavam à morte milhares de pessoas numa revelação heroica.

No mundo moderno na busca da civilidade e desenvolvimento da democracia, e, em meio a diversidade as fortes batalhas, as disputas deveriam ficar em torno das diplomacias. Contudo, quase sempre o passado é um livro para entender o presente. No centro do poder as milhares de perdas de civis, envolvendo famílias inteiras, e muitos dos abatidos são inocentes.

As mortes no Oriente Médio, de fato, são desproporcionais entre Israel com tecnologias avançadas, em parceria com o seu principal aliado os Estados Unidos, e o Hamas, que recebe apoio do Iran, arquirrival dos americanos. Todavia, cabe a análise de que se houvesse possibilidade do outro lado as baixas israelenses também seriam muitas, mas novamente a história para analisar os motivos da guerra na região, cujo tempo é esquecido estrategicamente por defensores das baixas humanas.

Ataque de Israel na Faixa de Gaza contra o grupo extremista política Hamas – imagem publicada pelo site do NYT/ Leo Correa/Associated Press

O apoio de países Europeus e americanos a Israel tem uma relação com a busca pela ordem global, com missão dada aos israelenses em representar o ocidente no Oriente Médio, de modo a evitar perdas de poder daqueles que querem a manutenção no alto da pirâmide global. Por outro lado, há os inimigos, que tem outros propósitos, de trocar de lugar no andar desta estrutura apenas em equilíbrio, de modo que as mortes podem ser de interesse das nações unidas e instituições sociais, mas não efetivamente dos grupos em guerra.

Nesta disputa se mostra evidente dois lados, envolvendo estão Estados Unidos e Europa e de outro China, Rússia e, neste contexto, Iran, Síria etc. No entanto, a guerra entre Israel e Hamas vai além desta realidade regional, mas diz respeito a falta de estrutura desta pirâmide global que, se um dia esteve bem equilibrada pelas forças pelo alto, começa a ruir. Devemos acompanhar o raciocínio de pensadores os quais avaliam a impossibilidade de uma nação estar no topo em tempo indefinido.

A posição americana é preocupante interna e externamente, com inflação, guerras políticas internas e um Estado com altíssimas dívidas para negociar, cujo representantes no Congresso parecem não se entender quanto aos caminhos para a saída da crise. Neste caminho, o radicalismo parece se tornar um dos recursos dos eleitores, a sinalizar a eleição de Donald Trump, um extremista que está ao lado da guerra e não da paz.

Todavia, Joe Biden não parece em condições físicas e intelectuais para enfrentar o desafio de uma país da ordem global em crise, como parece ser o que sinalizam os americanos neste momento. As eleições ocorrem no próximo ano por lá.

Nesta relação, os inimigos ganham força e demonstram estar em condições de promover batalhas por uma nova ordem mundial, como é caso dos chineses que observam a guerra e esperam a próxima jogada para agir em torno de seus propósitos, de buscar seu lugar na política global.

Não seria sem razão o encontro do Biden com Xi Jinping na próxima semana nos Estados Unidos, de modo a negociar uma solução para a paz, não exatamente na Faixa de Gaza e Ucrânia, mas entre os atores principais desta trama.

Os presidentes dos Estados Unidos Joe Biden e da China Xi Jinping que realizam encontro para tratar de assuntos que vai de economia, sanções e guerras – imagem Doug Mills/The New York Times

Apesar da visão do domínio da mídia americana que tem hegemonia na América Latina, o chinês deve ter mais tempo para falar ainda mais neste momento que em que revela um player mundial. Contudo, não se deve esperar soluções imediatas por uma história que se repete com uma mudança de ciclo o qual não se resolve sem traumas.

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Contudo, de fato, é necessário e urgente o cessar fogo na Faixa de Gaza, pensando não na guerra pelo poder, mas na civilidade que a sociedade conseguiu construir a duras penas.

O Fim da guerra?

 

Imagem – Jornal de Notíciashttps://static.globalnoticias.pt/jn/image.aspx?brand=JN&type=generate&guid=abcbbac2-2654-4570-8fd8-d7de5d58d5cc&t=20180427074600

nodebate – A aproximação entre os presidentes das Coreias, norte e sul, pode significar finalmente redução no conflito na região, depois de tempos de tensão, envolvendo duas grandes potências, China e Estados Unidos, além de Japão.

A Rússia também participa destas discussões, considerando ser a segunda potência mundial, com amplo interesse político na região, a qual se mostra com proximidade com a política dos chineses. Como sempre, a dúvida é exatamente o que está por detrás deste acordo de paz.

Com o aumento da tensão entre as duas Coreias, os Estados Unidos do nacionalista e mostrando-se com desejos bélicos, por vezes, Donald Trump, o aceno de Kim Jong-un (Coreia do Norte) pode revelar uma relação de aproximação com o governo de Moon  Jae-in (Coreia do Sul), de modo estratégico.

Desta forma, retira a força militar dos Estados Unidos na Coreia do Sul, e, por isso, sua necessidade de manter plataformas caras, nem sempre bem vista pela população sul Coreana, com cultura familiar, de tradição secular que unem os dois países em conflitos.

Não há dúvida que os chineses tiveram papel importante nesta decisão política, considerando que os norte-coreanos, em enfrentamento bélico com os norte-americanos, levariam o governo de Pequim a oferecer resistência contra os Estados Unidos, por temer perder a segurança em suas fronteiras.

Se tudo posto, realmente apontando para esta dinâmica política, o governo de Trump pode estar perdendo espaço na região, ao perceber a pacificação e exclusão dos radares, na região, de seu inimigo perigoso. que sempre levou terror à região, desde a guerra (1953) sob o seu domínio.

Não há dúvida que menos guerra e mais participações de países no cenário político, permitem o avanço de sua sociedade aparentemente globalizada, que, prevalecendo as diferenças, poderá ordenar, sistematicamente, um mundo mais habitável.

Nesta mesma análise, o país de maior poder bélico deste planeta, que convivendo com crises econômicas e desemprego, pode estar perdendo terreno e domínio de império, com crescimento de China e Rússia.

Europa em guerra

nodebate – Muitas especulações podem surgir sobre os atos violentos na Franca, um país de destaque na economia e cultura global. Rapidamente as mídias mundiais afirmam ser crimes de terrorismo, ou seja, os povos bárbaros atacam os países civilizados, de maneira a criar pânico na sociedade moderna e desenvolvida. Um olhar profundo torna este ponto de vista menos irônico, se passarmos algumas horas observando as informações sobre as guerras globalizadas.

Com uma imensidão de violência, em tempos de bombas e conversas políticas, pouco se sabe, de fato. Possível dizer que haja apenas um planeta, com um problema secular, as diferenças; que envolve inclusive o econômico, sempre concentrado em poucas mãos.

As imagens que chegam são de caos no país francês, com imensa tristeza pela morte de muitas pessoas, que nada tem a ver com as guerras no Oriente Médio, Norte de África e tantos outros lugares. No entanto, as vítimas se espalham com mais frequência nos países periféricos, com mais normalidade e menos alarde pelos meios de comunicação. Logo, se presume que a guerra e mortes são mais frequentes que a nossa mente vê.

Evidentemente que o choque é mais visível quando atinge quem tem mais controle sobre o poder político e econômico. Agora haverá um debate, por semana, tenso e com resultados. O primeiro deles, possivelmente, a xenofobia, com lentes voltadas para grupos radicais que apavoram o mundo.

Dois pontos valem análise do leitor: qual será a situação dos refugiados na Europa, vindos dos países, cuja guerras são vítimas de forças globais e disputas internas locais. Não seria de assustar se houver vozes defendendo o fim das imigrações para os países ricos. A defesa seria pelo fim da “bondade” europeia de receber pessoas de outras partes do mundo, com culturas diferentes, que no final podem mudar o perfil do velho mundo.

Os políticos sensacionalistas e populistas têm o seu palco montado, faltando poucas horas para tomarem destaques com projetos a serem aceitos.

Depois, como deter milhares de pessoas de seus países, lutando somente pela sobrevivência num caos, causado pelas guerras? Portanto, poderão se tornar a parede de anteparo para uma guerra política que vai muito além das imagens, na iminência de mais terror.

Importante destacar que a sociedade global está acostumada com crianças se afogando ou afogadas, nos tempos idos. Apenas uma paisagem de uma realidade distante, sem conseguir avaliar do que é formada a humanidade. A racionalidade global muitas vezes se perde quando o caos se mostra evidente demais, quando se tem arma e terrorismo, do lado dos bárbaros estrangeiros.