Estória de um vírus na política

Em uma vez um país do sul da América contagiado por um vírus, que se expande rápido e exige mudanças no comportamento política e social. Com as informações de milhares de morte e contaminação, sem precedente no mundo, a população se mostra nervosa e busca uma palavra das autoridades de resolução nacional para manutenção da rotina.

Os especialistas afirmam que o cenário é dos piores, com perdas fortes na economia, com reflexos no emprego e sofrimento de milhares de pessoas. Os mais idosos serão os mais atacados pelas doenças e se revela já no início da pandemia como maior índice de morte.

Passam-se dias, de informações vindas de todos os lados sobre o caos mundial, porém, há desencontro entre o que diz os jornais e afirma o presidente do país, e muita dúvida dos empresários sobre o resultado do caos que se estabelece nas bolsas de valores e mudanças no desvalorização da moeda local. Assinalam que haverá uma mudança no status quo da elite, que, ao final terá que ceder lucros de suas empresas para o socorro às maioria pobres, cuja nação está entre as piores distribuição de rendas do mundo, mas com uma minoria vivendo do outro lado da miséria, com enriquecimento privilegiado, uma ilha de prosperidade, um país do futuro.

Tal como a estória em fragmentos deste texto, no Brasil as pessoas em quarentena esperam decisão do governo, as quais, demonstrando cansaço e preocupação, batem panelas – Folhapress .

Para resolver o cenário de crise e incertezas os empresários decidiram reunir com o presidente para decidir o caminho mais seguro para o país naquele momento de guerra, que se estabelece. Feitas as contas afirmam que a situação se agrava mesmo e sofrimento para a população, se houver perdas de empregos, com empresas fechadas e queda nas exportações. Um caos irreparável, com mudanças nunca vistas no poder econômico, que, fazendo as contas, levará anos para retorna ao modelo de excelência que desejam.

– Seu presidente marcamos esta reunião para mais uma vez demonstrar nosso apoio ao seu projeto de governo, diz empresário do setor financeiro. Tivemos vários dias reunidos e entendemos que precisamos tomar atitudes se queremos dar tranquilidade ao país e política. Afinal, logo iniciam as eleições presidenciais e queremos que o senhor continue com seu trabalho político, que também é nosso. Neste sentido, tenho conversado com amigos que moram na Europa e Estados Unidos e concordam que devemos pensar uma solução e rapidamente (…).

– Isso mesmo seu presidente, levanta a voz de um empresário do comércio, cuja empresa se espalha pelo país. O senhor sabe que somos aliados e queremos caminhar junto com o governo. Por isso nossa campanha na internet todos os dias. A situação é caótica para o país e vamos ser sinceros, sabemos que a maior perda será para nós empresários que sustentamos a riqueza nacional, permitindo emprego e renda para milhares de pessoas, que dependem do nosso sucesso. A nossa perda terá reflexo na população, na política, porque não teremos condições e manter a ajuda a parlamentares que são dependentes de nossos recursos. Em resumo seu presidente, acreditamos que será a volta do PT ao poder, com essa conversa de programas sociais e tal. Imagina! (…)

Depois de um silêncio e pensar, o presidente vagarosamente toma a palavra. Pois é! Como vocês viram cheguei a enfrentar a mídia e a oposição indo para as ruas com meus apoiadores para mostrar para todo mundo que esse vírus não passa de uma gripezinha como qualquer outra. Afinal, todo ano morrem pessoas por gripe, por algum tipo de vírus (…). É ou, não é? Certo do apoio, acrescenta: sei da preocupação dos senhores que é também a minha, de ensinar os brasileiros a pensar grande e que o mundo vive em guerra, doença também faz parte da guerra. Posso dizer, sou um combatente experiente. Esta pandemia na mídia é uma estratégia de país comunista de atacar as democracias capitalistas, nossos aliados e com quem vamos lutar juntos. Um absurdo!

Rapidamente outro empresário toma a palavra e pergunta: o que devemos fazer, neste momento? Bem, sei que isso não é uma questão simples, mas, como o senhor diz, em tempos de guerras morrem pessoas, quem deve ficar de pé são os líderes, cuja missão foi dada a nós desde a origem do país. Estou querendo dizer que temos dois caminhos, abrindo o Estado para atender pessoas sem futuro e levar ao prejuízo nunca visto dos empresários, como se estivéssemos valorizando o soldado e matando os planejadores, cabeças responsáveis pelo progresso. Morrer pessoas, sabemos que vai acontecer como observamos em outros países. Temos informações que há decisão dos empresários de lá, que estão no comando. Muitos deles estão aproveitando para obter ajuda do governo em tempos de crise para aproveitar oportunidades, pensando no desenvolvimento econômico, sem as amarras dos parlamentos comunistas.

O presidente retoma a palavra, com entusiasmo: concordo com as palavras dos senhores e inclusive convidei para estar conosco meu amigo e intelectual que eu sempre recorro para falar de política e comandar o país, que não pôde vir dos de lá, mas fala conosco por vídeo. Olá amigo. Qual a sua visão desta crise que passamos aqui ?

O amigo intelectual, respira fundo e cumprimenta a todos presentes em torno da mesa. Estou feliz de ver os empresários atentos aos fatos e na busca de soluções, sem pensar em loucuras de distribuição de renda para salvar aqueles que nada oferecem para o desenvolvimento do país. Espero que esta conversa não saia desta sala, mas vejo até com bons olhos a seleção natural que o vírus oportuniza e vou dizer a razão. Veja vem, a política do presidente somente pode avançar com o fim desta coisa de ajuda social que é coisa de comunistas, uma merda! Esse tal de Estado de bem-estar social é uma proposta que nunca deu certo em lugar nenhum, coisa de doido, demente! O que temos de nos preocupar é com as boas cabeças e pessoas inteligentes e capazes desta nação. Muitos deles se reúnem nesta sala e tem importante representatividade. Para ser breve, a tal pandemia cresce em número pequeno de contaminados e mortos aí, até este momento, e deverá ser assim até o fim. Nesses meses, nem chegou a cem pessoas. Isso não é nada! As pessoas precisam entender que gente morre todo o dia e não é culpa de um vírus ou do governo. A nossa saída é realmente obrigar o país a voltar funcionar normalmente para evitar perdas política para este projeto que estamos desenvolvimento, com vistas a uma nação próspera e grande, assim como se faz aqui de onde falo. Outro ponto, os resultados revelam que os índices de mortes são maiores entre as pessoas idosas e não jovens que formam a mão de obra das empresas, pensando na produção nacional, além avaliar o resultado na previdência, sem querer ser maldoso, nada disso, mas a realidade que a própria mídia comunista mostra. Sempre temos que aproveitar as crises para obter resultados positivos, não pode ser diferente! Neste caos podemos até conseguir reduzir gastos públicos, que não conseguimos conversando com esse Congresso da velha política, medrosos e ainda implantar definitivamente o novo modelo que o país espera e não iniciava por falta de autoridade. Espero que me compreendem, afinal, é para o bem do país.

Rapidamente, o presidente se levanta e diz: senhores, depois desta conversa que me parece esclarecedora, devemos tomar posição. Hoje ainda farei um pronunciamento para conclamar o povo retomar as atividades. O país precisa voltar à rotina que entendemos aqui a correta, todos de volta ao trabalho, com escolas aberta. Se nem todos atenderem meu pedido, como os senhores sabem, tenho 30% de apoio de pessoas que são fiéis a mim e posso contar, e entenderão a minha mensagem. Podem ficar confiantes neste projeto. Não há outro!

(…)

Autor: Antonio S. Silva

Jornalista, doutor pela UnB e professor da (UFMT, com mestrado pela PUC/SP e Docente no curso de Jornalismo da UFMT. Em essência, acreditamos que é necessário o diálogo para construirmos, democraticamente, um país melhor.

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