A justiça, nem tanto

A Procuradoria Geral da República, comandada por Augusto Aras, entrou em choque com os procuradores da famosa Lava Jato de Curitiba, comandada pelo Deltan Dallagnol, em torno do poder de decisões sobre denúncias de autoridades em investigações feitas pela polícia federal, que resultam na proposta de combater a corrupção e injustiça, na forma da Lei. A questão a saber é o que está em jogo.

A disputa relaciona duas personalidades com envolvimentos políticos explícitos em episódios recentes e importantes no país, e pouco democráticas, por assim dizer.

Aras escolhido pelo presidente Jair Bolsonaro sem considerar a listra tríplice em consulta interna da entidade e Dallagnol denunciado pelo envolvimento com o ex-juiz e ex-ministro da justiça Sergio Moro, em meio a negociação telefônicas para condenações em Curitiba, durante a existência da Lava Jato, onde está instalado o comando da operação, como denunciou o site Intercept Brasil, Folha de S. Paulo e outros veículos de comunicação.

Bolsonaro ao lado de Aras que busca mais influência no comando da procuradoria da República, envolvendo a Lava Jato, que teve como personalidades populares importantes Deltan Dallagnol o ex-ministro da Justiça bolsonarista Sergio Moro, ao fundo – imagem José Cruz/Agência Brasil.

Como se mostra, a Lava Jato, em meio a batalhas sucessivas para manter o comando das figuras conhecidas que ganhou a tele do cinema, os representantes da operação tentam se manter explorando o apoio popular, quando investiu em atividade com apoio diário da mídia brasileira, a qual aliada de grupos políticos, revelaram interesses políticos, de combater a corrupção e insurgir com influência na política brasileira.

No caso em específico, na tela da televisão e jornais, a tentativa de manter os procuradores da Lava jato como contraponto ao governo federal, de modo que possam manter o poder em equilíbrio e controle de parte da justiça brasileira no campo das disputas duras, envolvendo figuras importantes e estratégicas para grupos políticos e econômicos.

Pode-se acreditar que no meio deste imbróglio está o ex-ministro Sergio Moro, que deverá tentar emergir para as eleições de 2022, na tentativa de chegar à presidência da República.

Se esta for a linha de pensamento, o Brasil continua em triste caminho para instituições fragilizada, população levada pelas emoções de uma justiça em linha torta, como consequência de disputas de poder entre particulares, cujos personagens são questionados e desvelando pouca confiança, quando o assunto é justiça e democracia social.

Estória de um vírus na política

Em uma vez um país do sul da América contagiado por um vírus, que se expande rápido e exige mudanças no comportamento política e social. Com as informações de milhares de morte e contaminação, sem precedente no mundo, a população se mostra nervosa e busca uma palavra das autoridades de resolução nacional para manutenção da rotina.

Os especialistas afirmam que o cenário é dos piores, com perdas fortes na economia, com reflexos no emprego e sofrimento de milhares de pessoas. Os mais idosos serão os mais atacados pelas doenças e se revela já no início da pandemia como maior índice de morte.

Passam-se dias, de informações vindas de todos os lados sobre o caos mundial, porém, há desencontro entre o que diz os jornais e afirma o presidente do país, e muita dúvida dos empresários sobre o resultado do caos que se estabelece nas bolsas de valores e mudanças no desvalorização da moeda local. Assinalam que haverá uma mudança no status quo da elite, que, ao final terá que ceder lucros de suas empresas para o socorro às maioria pobres, cuja nação está entre as piores distribuição de rendas do mundo, mas com uma minoria vivendo do outro lado da miséria, com enriquecimento privilegiado, uma ilha de prosperidade, um país do futuro.

Tal como a estória em fragmentos deste texto, no Brasil as pessoas em quarentena esperam decisão do governo, as quais, demonstrando cansaço e preocupação, batem panelas – Folhapress .

Para resolver o cenário de crise e incertezas os empresários decidiram reunir com o presidente para decidir o caminho mais seguro para o país naquele momento de guerra, que se estabelece. Feitas as contas afirmam que a situação se agrava mesmo e sofrimento para a população, se houver perdas de empregos, com empresas fechadas e queda nas exportações. Um caos irreparável, com mudanças nunca vistas no poder econômico, que, fazendo as contas, levará anos para retorna ao modelo de excelência que desejam.

– Seu presidente marcamos esta reunião para mais uma vez demonstrar nosso apoio ao seu projeto de governo, diz empresário do setor financeiro. Tivemos vários dias reunidos e entendemos que precisamos tomar atitudes se queremos dar tranquilidade ao país e política. Afinal, logo iniciam as eleições presidenciais e queremos que o senhor continue com seu trabalho político, que também é nosso. Neste sentido, tenho conversado com amigos que moram na Europa e Estados Unidos e concordam que devemos pensar uma solução e rapidamente (…).

– Isso mesmo seu presidente, levanta a voz de um empresário do comércio, cuja empresa se espalha pelo país. O senhor sabe que somos aliados e queremos caminhar junto com o governo. Por isso nossa campanha na internet todos os dias. A situação é caótica para o país e vamos ser sinceros, sabemos que a maior perda será para nós empresários que sustentamos a riqueza nacional, permitindo emprego e renda para milhares de pessoas, que dependem do nosso sucesso. A nossa perda terá reflexo na população, na política, porque não teremos condições e manter a ajuda a parlamentares que são dependentes de nossos recursos. Em resumo seu presidente, acreditamos que será a volta do PT ao poder, com essa conversa de programas sociais e tal. Imagina! (…)

Depois de um silêncio e pensar, o presidente vagarosamente toma a palavra. Pois é! Como vocês viram cheguei a enfrentar a mídia e a oposição indo para as ruas com meus apoiadores para mostrar para todo mundo que esse vírus não passa de uma gripezinha como qualquer outra. Afinal, todo ano morrem pessoas por gripe, por algum tipo de vírus (…). É ou, não é? Certo do apoio, acrescenta: sei da preocupação dos senhores que é também a minha, de ensinar os brasileiros a pensar grande e que o mundo vive em guerra, doença também faz parte da guerra. Posso dizer, sou um combatente experiente. Esta pandemia na mídia é uma estratégia de país comunista de atacar as democracias capitalistas, nossos aliados e com quem vamos lutar juntos. Um absurdo!

Rapidamente outro empresário toma a palavra e pergunta: o que devemos fazer, neste momento? Bem, sei que isso não é uma questão simples, mas, como o senhor diz, em tempos de guerras morrem pessoas, quem deve ficar de pé são os líderes, cuja missão foi dada a nós desde a origem do país. Estou querendo dizer que temos dois caminhos, abrindo o Estado para atender pessoas sem futuro e levar ao prejuízo nunca visto dos empresários, como se estivéssemos valorizando o soldado e matando os planejadores, cabeças responsáveis pelo progresso. Morrer pessoas, sabemos que vai acontecer como observamos em outros países. Temos informações que há decisão dos empresários de lá, que estão no comando. Muitos deles estão aproveitando para obter ajuda do governo em tempos de crise para aproveitar oportunidades, pensando no desenvolvimento econômico, sem as amarras dos parlamentos comunistas.

O presidente retoma a palavra, com entusiasmo: concordo com as palavras dos senhores e inclusive convidei para estar conosco meu amigo e intelectual que eu sempre recorro para falar de política e comandar o país, que não pôde vir dos de lá, mas fala conosco por vídeo. Olá amigo. Qual a sua visão desta crise que passamos aqui ?

O amigo intelectual, respira fundo e cumprimenta a todos presentes em torno da mesa. Estou feliz de ver os empresários atentos aos fatos e na busca de soluções, sem pensar em loucuras de distribuição de renda para salvar aqueles que nada oferecem para o desenvolvimento do país. Espero que esta conversa não saia desta sala, mas vejo até com bons olhos a seleção natural que o vírus oportuniza e vou dizer a razão. Veja vem, a política do presidente somente pode avançar com o fim desta coisa de ajuda social que é coisa de comunistas, uma merda! Esse tal de Estado de bem-estar social é uma proposta que nunca deu certo em lugar nenhum, coisa de doido, demente! O que temos de nos preocupar é com as boas cabeças e pessoas inteligentes e capazes desta nação. Muitos deles se reúnem nesta sala e tem importante representatividade. Para ser breve, a tal pandemia cresce em número pequeno de contaminados e mortos aí, até este momento, e deverá ser assim até o fim. Nesses meses, nem chegou a cem pessoas. Isso não é nada! As pessoas precisam entender que gente morre todo o dia e não é culpa de um vírus ou do governo. A nossa saída é realmente obrigar o país a voltar funcionar normalmente para evitar perdas política para este projeto que estamos desenvolvimento, com vistas a uma nação próspera e grande, assim como se faz aqui de onde falo. Outro ponto, os resultados revelam que os índices de mortes são maiores entre as pessoas idosas e não jovens que formam a mão de obra das empresas, pensando na produção nacional, além avaliar o resultado na previdência, sem querer ser maldoso, nada disso, mas a realidade que a própria mídia comunista mostra. Sempre temos que aproveitar as crises para obter resultados positivos, não pode ser diferente! Neste caos podemos até conseguir reduzir gastos públicos, que não conseguimos conversando com esse Congresso da velha política, medrosos e ainda implantar definitivamente o novo modelo que o país espera e não iniciava por falta de autoridade. Espero que me compreendem, afinal, é para o bem do país.

Rapidamente, o presidente se levanta e diz: senhores, depois desta conversa que me parece esclarecedora, devemos tomar posição. Hoje ainda farei um pronunciamento para conclamar o povo retomar as atividades. O país precisa voltar à rotina que entendemos aqui a correta, todos de volta ao trabalho, com escolas aberta. Se nem todos atenderem meu pedido, como os senhores sabem, tenho 30% de apoio de pessoas que são fiéis a mim e posso contar, e entenderão a minha mensagem. Podem ficar confiantes neste projeto. Não há outro!

(…)

Aos trabalhadores as batatas

Ainda no começo do dia 1º de maio, reconhecimento aos trabalhadores brasileiros pela contribuição ao desenvolvimento do Brasil. Aqui não alimentamos a ideia de alguns estereótipos de funções sociais, mas a todos aqueles que diariamente está diante das difíceis tarefas de produzir neste país, que historicamente quem não merecem o direito aos resultados deste trabalho, com valorização desumana, apenas meritocrática pelo capital.

Imagem reprodução site Migalhas – Pensar no trabalhador brasileiro é a busca de compreender a sua história, cuja evolução talvez não tenha resolvido as diferenças sociais e as condições de trabalho. Pior, a distribuição de renda perdura para o regozijo de parte privilegiados pela herança.

Infelizmente, nesta data, no presente, se refletir pouco, muito pouco, a comemorar, diante do desemprego que abunda à frente de um governo que busca polêmicas diárias para evitar qualquer discussão, que mereça atenção pela racionalidade. Somente para alguns exemplos dos últimos dias, a discussão na mídia provocada pelo governo e seus agentes, porta-vozes, girou em torno “do direito de matar”, quando houver “invasão” de terras; redução das verbas das universidades; melhoria nos juros para o agronegócio; a guerra brasileira contra o chavismo na Venezuela, etc. etc.

O aumento do desemprego não se transformou em um tema que merece atenção de Brasília, cuja discussão seria cara para o governo, que se elegeu defendendo a melhoria da qualidade de vida da população, para este princípio de governabilidade nem sequer miragem para um país de todos e com alguma igualdade social.

Não somente, nenhum movimento no Congresso Nacional sobre a temática trabalho, desemprego, distribuição de renda, qualidade de vida das famílias relegadas à margem do sistema capitalista, que se mantém severamente excludente e ainda mais a cada período no Brasil.

Evitando o pessimismo tentador é importante que o trabalhador entenda que sua participação social, com intervenção na política é fundamental para que o tema trabalho seja incluído nas pautas em Brasília, apontando soluções e não apenas retórica de empresas.

A discussão sobre conservadorismo às antigas, neoliberalismo na tradição de países afortunados que promovem desigualdade social em desenvolvimento para o futuro, amor à pátria como retórica para melhorar a vida de poucos iluminados não servem a propósito se o tema é sociabilidade. O carro está em movimento, porém sem rumo se o assunto é justiça social, trabalho e renda.

Os brasileiros merecem mais do que recebem, embora, por vezes, deixa para lá seu compromisso com os interesses sociais e os próprios, evitando necessária discussão coletiva, definindo, assim, de fato representatividade. Abrir mão de seus direitos políticos não é um “bom negócio”, quando há conhecedores da magia para nada representar no Legislativo e executivo.

Aos trabalhadores brasileiros reconhecimentos, porém, considerando a vitória para uma maioria conservadora as batatas, para seguir linha de pensamento do conservador e pouco crítico Machado de Assis, o qual usufruiu em sua vida a condição de funcionário público. Na academia, uma ressalva, que, interessados no capital, cada vez mais um trabalhador público e sem Estado, em essência, à margem como a maioria.

Previdência dos brasileiros

Embora com muito atraso, na obscuridade das mídias brasileiras para assuntos econômicos e medidas favoráveis a grupos sociais. Neste momento, algumas informações sobre privilégios dos militares começam a aparecer, no calor do debate e pressão popular.

Se não bastasse a dúvida o quanto a previdência concede às empresas brasileiras, de ajuda para a chamada produção e emprego, intelectuais e partidos políticos aparecem com muita frequência para dizer que o rombo previdenciário não passa de jogo econômico.

O objetivo de uma elite financeira é reduzir o Estado do bem-estar social, na alavancagem da economia em nome das grandes fortunas, que apesar de ganhos astronômicos de governos submissos a lógica de mercado, as grandes empresas no país, “necessitam” das chaves do cofre do Estado para pagar contas das suas produções, de modo a ganhar condições de competição no capitalismo que defendem, moderno.

O discurso dos subsídios é conhecido, quando se apresenta, a cada ciclo de crise econômica, a perda de empregos e queda do PIB, que os brasileiros do andar de baixo precisam pagar, em forma de concedidos, na amizade de antigos companheiros.

Pelo que surge os militares também exerce forte pressão política nos governos para levar a sua parte, mesmo considerando as diferenças dos salários recebidos pelos trabalhadores brasileiros, muitos dos quais, chegam à marginalidade de um sistema excludente, como se observa, nem sempre para todos.

Política social da pobreza

A pobreza no Brasil, que só aumenta, atingindo 55 milhões de pessoas, 26,5% da população, que não consegue rendimentos de R$ 22 ao dia, deveria causar amplo desconforto entre os brasileiros, considerando se tratar de uma nação que continua a perder sua relação de sociedade. Em outras palavras, o que deveria ser social vai ganhando ares de apenas uma relação de poder e passividade. De modo simples, a concentração de renda é a lógica que propulsiona a condição de miséria. A rigor, a quantidade de famílias milionárias, por certo, não atinge 5% da nação no Brasil.

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A pobreza extrema, quando uma família não atinge R$ 140 mês por pessoa, chega aos 7,4%. O que seria uma condição degradante, viver numa sociedade em que a conta no banco é a régua que separa quem pode ser social ou não, sem as devidas condições para atingir objetivos, porém, decididos em consenso. No entanto, a miséria pode não ser somente uma questão de capacidade de um ser humano atingir objetivos definidos pela lógica financeira. Em outras palavras condição de indivíduos preguiçoso, incompetente, débil mentais, mas de uma realidade em que pode relacionar ao próprio sistema política, econômico, educacional, longe da visão de a pobreza vir desde o nascimento, impregnado na genética.

No Brasil ao longo da história política, com alguma alteração no tempo, a curva está voltada para baixo nos dias atuais. O trabalho se tornou sinônimo de subserviência ao mundo daqueles que são possuidores da atividade produtiva e nada e cada qual se protege como pode. Numa negociação por cima, entendeu-se que aqueles despossuído de bens, sejam com capacidade intelectual ou patrimonial, devem seguir a herança de subalterno, com salários aviltantes, o mínimo para a sobrevivência. Para uma sociedade moderna e liberal, conservadora e nacionalista para outros, no final se ordena como um lugar de composição de poder, somente, e de maneira aviltante, econômica.

O pior desta realidade é que parte dos brasileiros batem palmas. Em situação de desacordo com as normas econômicas de socializar riquezas, movimentos se formam na rua, com milhares de pessoas, carregando patos amarelos gigantes – a sua realidade simbólica, carregar o pato -, com mensagem clara de submissão, levando os grupos subalternos à crença da origem, da naturalidade da causa, de defender a manutenção da ordem da divisão econômicas. Uns comem bem e outros nem tanto, ou quase nada. Está tudo certo, coisa de inteligência da natureza.

Os meios de comunicação em muitos momentos romantizam a pobreza como se fosse uma lógica turística, em cenas de cinema, reproduzindo a política sistêmica, a exemplo, de afirmação de ministro em governo de triste figura, para quem muitos turistas (econômico) vêm ao Brasil para conhecer a vida nas favelas dos grandes centros.

O jornalismo joga a carga da desafortunada miséria na produção que aumenta minimamente a cada ano, como se bastasse imaginar que a pobreza está circunscrita a lógica imediata, resultando na relação com o produto interno bruto, a riqueza produzida no país ao longo do ano. A separação dos poderosos e não poderosos, remediados e milionários diz respeito a uma política social negociada pelo andar de cima, sem participação popular, com o esclarecimento devido de mundo e realidade do processo político.

O jogo democrático

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As vozes conservadoras brasileiras, que se afirmam democráticas, trabalham com duas estratégias de poder. Caso Bolsonaro respeite às regras estabelecidas pelo campo político democrático será admirado, aceitando, por vezes suas faltas, derrapadas dentro dos limites sob controle.

Afinal, sua proposta de governo não foge aos interesses neoliberais, tendo como protagonista, Paulo Guedes, considerado mais confiável do que o presidente eleito. A regra do jogo diz respeito à abertura de mercado e impedimento de atuações populares contra a economia e capitalismo global.

No entanto, havendo tomada de poder de Bolsonaro, de maneira personalista, militar, aí sim vem a resistência democrática, que não será “ideológica” como a popular, mas com o objetivo de forçar o presidente autoritário a respeitar o poder constituído pelas Leis vigentes, formuladas a duras penas (sem trocadilhos), dentro do sistema hegemônico.

Vale a pena a avaliação da microfísica do poder.

Os partidos ditos de esquerda e socialistas formam, neste ponto, apenas uma terceira via, a serem considerados mais atentamente do que a “democracia” do Capitão reformado. “Um olho no peixe e outro no gato” (não necessariamente ao mesmo tempo).

Ao eleitor à observação, se estiver interessado em acreditar em um Brasil, com estado do bem-estar social.

Conversas políticas

Site Semana7 – Os brasileiros que acompanham o noticiário nacional sabem muito bem que passamos por uma grave crise econômica, e, que pelo visto, deve demorar a ser resolvida, deixando-nos, quase todos, em impactante aperto financeiro. Para muitos a corrupção seria o princípio básico desta falta de dinheiro para o governo federal, estados e municípios. Basta ligar a TV ou ler o jornal para observar a quantidade de denúncias contra políticos, os quais acreditávamos como autoridades morais e de muita seriedade. Verdade, uma grande decepção. Embora haja também muitos excessos dos meios de comunicação ao noticiar o caos político e gerencial brasileiro, de modo a também fazer política e, por vezes, defender seus grupos de interesses empresariais.

Como bem sabe os leitores da Semana7, por certo, esta não é a primeira crise que atinge, sobretudo, as pessoas mais pobres deste Brasil, um país de riquezas e desenvolvimento na produção de agrícola para exportação, além de muita matéria-prima, que o mundo cada vez mais precisa. Inclusive, como é o caso do Petróleo (o chamado pré-sal) e minerais. Fato é que a cada tomada de decisão dos governos, neste momento de aperto, atinge exatamente quem mais precisa de ajuda do executivo federal, dos políticos e das políticas sociais. Neste sentido, com a falta de respeito com a saúde pública, educação, transporte, comunicação e, por vezes, assistência social. No final, vem a desilusão natural e a perda de confiança na política e nos homens públicos de um modo geral. No final, chegamos a pensar que qualquer governo serve é para cobrar impostos e tirar muito do que já é muito pouco, ainda mais na crise.

Nós que vivemos longe dos mandos de Brasília chegamos a pensar que sobrevivemos, de fato, sem governo e política. Aqui que me proponho algumas análises, que nos incomodam. Como seria viver em um país sem alguém de confiança que nos represente na tomada de decisões, em situações complexas de negociação, com outros países, por exemplo, sobre fronteiras econômicas, impostos de importação e exportação, balança comercial, etc.? Além do mais, na divisão do bolo financeiro estatal, como poderíamos, um país inteiro reunido, decidir para onde iria cada centavo recebido de impostos? Se para a indústria para gerar mais emprego e renda ou, então, para a saúde, educação, transporte, que todos precisam no dia a dia? Penso que realmente não seja possível a tomada de decisões políticas e administrativas por todos, em um único lugar.

Desta análise surge o que chamamos, portanto, de representação, quando delegamos o voto a alguém que nos represente nestas decisões, de maneira a fazer valer os interesses sociais e não exatamente dos grupos financeiros, com grande poder de pressão contra qualquer governo. Em essência, o que queremos dizer, é que o Brasil, apesar das denúncias de corrupção contra políticos, contra o Estado – responsável pelo bem-estar social -, precisamos, na verdade, é de mais política, desde que seja representativa e pública. Portanto, o problema não está absolutamente na política em si, que parece necessária, mas nas escolhas, na participação dentro dos espaços públicos em que possamos debater e dialogar, democraticamente, sobre decisões e delegar poderes. Afastar da política ou negá-la, entendemos, não ser o melhor caminho para se construir a democracia, somente sob a qual a população ganha poder e com direitos iguais de cidadania. Devemos valorizar a política, mas inserindo-nos neste meio, com capacidade de intervir no curso das decisões, que dizem respeito aos nossos interesses – sem vergonha de dizer.

Portanto, precisamos de mais diálogo, com mais veículos de comunicação nos informando sobre os movimentos sociais e tomadas de decisões, seja em Brasília, no Estado de Mato Grosso, na nossa região ou cidade em que vivemos. Talvez, assim, possamos evitar ser pegos de surpresa nas crises, ainda permitindo que poucos tomem decisões por muitos, sempre defendendo interesses particulares.

Parece-nos estranho o excesso de alguns meios de comunicação noticiarem, insistentemente, determinadas crises – ou negá-las em outros momentos -, indicando alguns nomes como se fossem um problema tão simplesmente da política e não envolvessem também questões econômicas com outras nações mundiais, agindo politicamente. Atentar ainda para empresários que querem abocanhar grandes quinhões de riquezas de uma nação, de modo imediato, sem beneficiar trabalhadores envolvidos com suor em projetos nacionais.

Por último, acabar com a política pode ser o caminho mais curto para retirar a representação social nas decisões econômicas, gerar mais crises e injustiça social. Ler a mídia exige também leitura prévias e atenção sobre o que está por detrás das propostas de partidos políticos, sobretudo conservadores, e grupos que eternizam no poder brasileiro.

*Texto originalmente publicado pelo Site Semana7

Barra do Garças, MT

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*Antonio S. Silva é Jornalista, doutorado pela Universidade de Brasília (UnB) e professor da Universidade de Mato Grosso (UFMT), Campus Araguaia (CUA).

Voto de protesto

nodebate – Silenciosamente para os meios de comunicação, os brasileiros deixam sua impressão como pensam a política nestes tempos de quase nenhuma representação social, em Brasília, nos Estados e por certo nas prefeituras. Cerca de 25 milhões eleitores deixaram de depositar seu voto em algum candidato ou mesmo esteve presente no sufrágio universal neste pleito, segundo números apresentados pelo Jornal conservador o Estado de São Paulo.

Cada grupo político, com seus respectivos jornais vai puxar a sardinha para sua brasa. Os temistas (tucanistas, demistas,peemedebistas, pepistas, e etc.) dizem que a culpa é do Partido dos Trabalhadores (PT), por sua vez, os lulistas (esquerdistas, etc.) avaliam que é uma crise causada pelo golpe contra a democracia. No final, falta atentar para as disputas e o que está em jogo neste debate. O que falta mesmo é o público, que dá o seu recado e não comparece para celebrar o banquete político.

Não há dúvida que a democracia, de maneira literal, nem tem sido respeitada faz um singular tempo no Brasil, de modo que, a cada década, isso se torna mais visível, considerando os interesses de grupos econômicos brasileiros, em diálogo com fortes falcões globais, o quais são intransigentes e cegos para o negócio financeiro. Nesta visão ofuscada, parece dizer nas mídias aliadas a verdade insondável: a economia é a alma do mundo (seu idiota!) e logo devemos sobreviver aos iluminados pensadores deste sistema. Porém, a cada rodada mais pessoas se tornam excluídas deste processo financeiro já tradicional, sobretudo, na periferia.

Neste raciocínio está o atual governo que radicaliza aquilo que, de alguma forma, já estava posto no Congresso Nacional – alimentado por volumes de verbas privadas -, aceito e praticado pelo governo de Dilma Rousseff, mais precisamente, porém mais lentamente. Aceitar o domínio dos fortes grupos da economia parece ser a mágica nos tempos atuais, até mesmo para se livrar das amarras da justiça – veja o paradoxo. No final, resta mesmo o não-voto, resolutamente, como forma de dizer alguma coisa a alguém que se parece de poucos ouvidos (na defesa da política apenas de mercado), menos ainda quer ouvir alguma voz contrária – autoritarismo mesmo!

Acertado!

Não está claro se o não-voto é mesmo uma boa estratégia, pois, a política, querendo ou não, parece ser o único lugar possível para a democracia representativa, quando se discute publicamente e decide o interesse de todos. Mesmo não sendo assim, definitivamente, deixar de participar é uma forma de protesto, mas precisa chegar aos ouvidos daqueles que nos representam.

Não-voto pode ser uma forma de resposta e protesto, como pode se afirmar como participação nenhuma. A população deve ser mais politizada, ao contrário do que se querem grupos com vozes na afortunada mídia brasileira: a despolitização, de modo que haja decisão pelas “minorias esclarecida”. O exemplo vem de São Paulo. O prefeito contou com o apoio das regiões centrais, com desistência de eleitores de outras regiões, celebrou a fatura ainda no primeiro turno. Ainda que democrático, a escolha ocorre sem a participação daqueles que parecem sofrer mais com a não-política e o estado do bem-estar social.

 

Vamos lá Brazil!

nodebate – Uma pergunta que não se cala, pelo menos na opinião pública: por que Eduardo Cunha(PMDB) não sofreu nenhuma penalidade, como vem ocorrendo com diversos políticos brasileiros (majoritariamente do PT) e empresários envolvidos em lavagem de dinheiro e corrupção?

Será mesmo que justiça significa o princípio da ordem, relacionando establishment (poder econômico) e instituições? Nada mais triste observar Cunha em encontros com o presidente Interino Michel Temer(PMDB) e às escondidas, mesmo o peemedebista já estando denunciado pelos pares no Congresso, e a mídia tradicional ainda que contrariada, reproduz suas ilegalidades.

Afinal, o que acertam Temer e Cunha? No “diálogo”, longe das luzes sociais, um presidente sem votos (com presidente eleita afastada em um jogo político, sem crime identificado) e o presidente da Câmara afastado de seus poderes, mas com poderes institucionais, como se vê. É isso!

O social de Temer

 

nodebate – Pode parecer boas intenções, mas também surge a dúvida sobre a aceitação política do governo interino (que nada tem de interinidade, na realidade) de Michel Temer, quando vai acertando ajustes com setores da sociedade, em busca de visibilidade e aceitação popular. Um paradoxo para uma gestão que se propõe financista anunciar aumento para bolsa família, com tantas pompas e com destaque no Jornalismo conservador.

Fato é que o reajuste se faz inescapável para um país que se vê à beira do abismo, com uma sociedade desafortunada (infelizmente, em consequência da falta de distribuição de rendas) cada vez com menos condições de sobrevivência. Os restaurantes a R$1,00 nunca viram tanta clientela nas últimas semanas. O que é vergonhoso para um país do agronegócio, cujo solo de fertilidade e com intensa atividade exportadora; como se propagam que “plantando tudo dá”.

Os bancos continuam com seus ilustres resultados, um dos maiores do mundo, com imensa felicidade neste projeto de Temer, setor que obteve forte apoio para se elevar politicamente em um congresso que se mostra, em grande parte fisiologista.

O Jornalismo conservador brasileiro faz a notícia se transformar em mensagem que faça propaganda das características de um governo, então, voltado para o social. O paradoxo é que, na sua matriz, a gestão da “Ordem e Progresso” não brotou do limbo para essa finalidade: o social.

No final, há uma pressão social em torno da Gestão de Temer, que observa disputas apertadas no Senado para a aprovação do impeachment, e responde “aos amigos” que o elevou a presidência: ceder os anéis para não perder os dedos. Ceder o quanto puder agora, no sentido de se manter no Palácio do Planalto, atravessando um mar com ondas nas alturas.

O tempo é de crise política e econômica (sem luz no final do túnel)  para mais perplexidade dos brasileiros, observando com certamente assustados à política, porém, o único caminho para a representação, através do voto nas urnas.

Finalmente, os rumos são neoliberais, na contramão para os eternos problemas do Brasil, se o ponto de chegada é (ao que parece a utópica) democracia, participação e igualdade social. A esperança, contudo, precisa sobreviver.